No dia 12 de Maio de 2009 as alunas Andreia e Antoniya do 12ºF, deslocaram-se a Lisboa, no âmbito da disciplina de Área de Projecto, para participar num colóquio/debate organizado pela Revista FORUM ESTUDANTE, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Com muita pena nossa, não foi possível filmar o colóquio, contudo conseguimos tirar algumas notas e gravar o essencial do colóquio.
Pelas 10.30h a Dra Rogélia Candeias, directora da FORUM ESTUDANTE, abriu o colóquio com uma nota de boas-vindas e a Bruna, jornalista da FORUM ESTUDANTE e apresentadora apresentou-se na mesa.
Seguidamente, às 10.45h iniciou-se o colóquio, com a apresentação dos oradores:
- Dr. Álvaro Pina, Professor Catedrático e ex - Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa;
- José Ferreira Gomes, Professor Catedrático de Química, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e Ex Vice-reitor da Universidade do Porto;
- João Redondo, Presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP);
- Henrique Melo, responsável pela Direcção de Pessoal da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que tem em marcha um programa de recrutamento e formação que acolherá os primeiros licenciados do Processo de Bolonha.
A inaugurar as intervenções, tivemos o Professor Catedrático e antigo Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Dr. Álvaro Pina, que começou o colóquio dizendo que “Bolonha representa, no essencial e no mais importante, um projecto para o Ensino Superior e para a investigação a nível europeu, assim como um projecto para tornar o Espaço Europeu do Ensino Superior atractivo e competitivo, a nível mundial”.
O docente continuou a sua intervenção, defendendo que as universidades portuguesas não estavam preparadas para o Processo de Bolonha. “Houve uma altura em que as nossas energias se consumiam a discutir as designações de cursos – o pior das universidades portuguesas veio ao de cima, nas rivalidades em que se disputavam designações e se reservavam (ou se pretendiam reservar) algumas designações para proteger determinados cursos ou determinadas perspectivas de algumas universidades. Não tendo já a responsabilidade de Presidente do Conselho Directivo desta faculdade, devo dizê-lo: a implementação do processo e Bolonha foi desastrosa na Universidade de Lisboa, em geral, e nesta faculdade, muito particularmente”.
A justificar estas afirmações “explosivas”, o docente acrescentou que a implementação desastrosa de Bolonha “começou com aspectos caricatos de querer meter em 3 anos os conteúdos de 4 anos. Por outro lado, notámos sempre uma muito dolorosa ausência dos estudantes na discussão de Bolonha, quer por falta de capacidade de resposta, por desinteresse, talvez, ou porque os órgãos da Faculdade de Letras ou das outras faculdades não os chamaram.” Os sucessivos governos que acompanharam a implementação do Processo de Bolonha também carregam parte da culpa, justifica Álvaro Pina, lembrando as “ameaças” do Ministério da Tutela em relação ao fim do financiamento de alguns cursos, caso estes não sofressem uma fusão ou agregação. "Numa faculdade que tem uma pesada ameaça de inviabilidade como é a Faculdade de Letras de Lisboa, não havia uma grande capacidade de resposta a este tipo de pressões”.
Seguidamente à exposição do Dr. Álvaro Pina, esteve a representar a Universidade do Porto, Dr. José Ferreira Gomes, Professor Catedrático de Química, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e Ex – Vice – Reitor da Universidade do Porto. O docente, que foi um dos promotores do Processo de Bolonha em Portugal, acredita que a educação superior portuguesa precisava do Processo de Bolonha, para além de uma modernização de um sistema de Governo, “mas Portugal não merecia que o Processo de Bolonha tivesse sido aplicado em 2 meses, simplesmente para que em Londres pudéssemos dizer que já tínhamos feito e que, finalmente, em Lovaina, pintássemos os nossos quadros e scorecards todos de verde. Esta pressão, esta urgência, esta necessidade de obtermos resultados estatísticos foi desastrosa e o povo português, os nossos jovens estudantes, mereciam muito melhor do que aquilo que estão a ter”.
Outra crítica apontada pelo Dr. José Gomes Ferreira foi no sentido da divisão dos ciclos de estudo no padrão de Bolonha. “Numa inovação única na Europa, Portugal criou os mestrados integrados, garantindo o financiamento público de formação a jovens até aos 5/6 anos (engenharias, arquitectura, medicina, farmácia…) e impondo aos jovens que estão em formações menos profissionalizantes (filosofia, línguas e literaturas..), em geral com mais dificuldades de emprego, uma licenciatura de 3 anos e uma incerteza para o grau seguinte - para aqueles que, mesmo que sejam muito bons, o queiram fazer. Enquanto que um estudante miserável pode fazer “5 queimas à borla”, um estudante notável de filosofia, por exemplo, terá que pagar do seu bolso, abandonar os estudos ou seguir outra vida, se quiser passar do Bê-a-Bá dos 3 primeiros anos. Isto parece-me extremamente injusto”.
No entanto, o professor da Universidade do Porto acha que “os professores portugueses fizeram um trabalho notável, com o pecado de não terem envolvido sempre os estudantes, mas fizeram um trabalho notável de modernização dos processos de ensino e aprendizagem. Foram mais longe do que aquilo que eu poderia esperar e sem o apoio de quaisquer políticas públicas que fossem desenhadas com esse objectivo”.
O próximo interveniente foi o Dr. João Redondo, Presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP). Depois de contextualizar o nascimento do ensino superior privado em Portugal, o Dr. João Redondo frisou que “as instituições de ensino superior não estatal viram com Bolonha uma oportunidade de mostrarem a sua dinâmica e a sua capacidade de reestruturação e reorganização… Tendo sido aquelas que mais rapidamente ajustaram os seus cursos a este novo modelo”.
Sobre o facto de Bolonha centrar o modelo de aprendizagem no aluno e no complemento daquilo que deve ser o trabalho do aluno nas chamadas horas de contacto, “uma nova terminologia para as chamadas aulas clássicas”, isso não foi feito, referiu o Dr. João Redondo. “Reduziram-se cursos que tinham 4 ou 5 anos para 3 e reduziram-se as cargas horárias significativamente. Isso tudo estaria muito bem se da parte dos estudantes se verificarem agora as tais horas de estudo fora da hora de contacto, que deveriam totalizar aquelas 1200 horas de trabalho correspondentes ao horário normal de um trabalhador, porque foi nessa base que as coisas foram pensadas para esta reforma. Neste aspecto, está tudo por fazer, porque vamos trabalhando como sendo trabalhámos.”
Esse passo para a verdadeira mudança, refere o presidente da APESP, “só poderá ser dado quando os próprios estudantes assumirem eles próprios que têm de ter hábitos e que têm de criar eles próprios uma cultura de trabalho diferentes. Têm de passar mais tempo na universidade - mas não é a beber copos, é a trabalhar, a sair da aula e a ir para as salas de estudo e fazer a investigação que é dada nas aulas."
A terminar a sua exposição, o Dr. João Redondo falou ainda das diferenças entre as licenciaturas antes e depois de Bolonha. “O primeiro ciclo actual (3 anos) é o processo inicial de formação, a primeira etapa, onde se aprende a aprender, a comunicar e a desenvolver práticas de investigação. Não se pode pretender, por conseguinte, que com a redução dos anos de curso os jovens licenciados possam ter uma entrada no mercado como tinham anteriormente – estes 3 anos de ensino, como hoje estão a ser ministrados, não dão a mesma qualidade de antes. Se houver mais horas de estudo autónomo, se isso for implementado, sim, assim, não. O mestrado da era Bolonha vale o mesmo que uma licenciatura antiga. Nalguns casos nem se valerá tanto”, conclui o doutor.
Por último, o interveniente que se seguiu, foi o Dr. Henrique Melo, responsável pela Direcção de Pessoal da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que tem em marcha um programa de recrutamento e formação que acolherá os primeiros licenciados do Processo de Bolonha. Consciente de que o Processo de Bolonha trará ao mercado de trabalho mudanças substanciais, nomeadamente ao nível da maturidade com que os candidatos acedem ao mercado de trabalho, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) está, pelo segundo ano consecutivo, a colocar no terreno um programa de selecção ambicioso, que envolve os estudantes desde o primeiro ano do curso até ao financiamento do prosseguimento de estudos (mestrado), destinado candidatos que venham a integrar os quadros da empresa. “Ao ser a maior instituição financeira estatal do país, a CGD não pode ficar indiferente às questões levantadas pelo Processo de Bolonha. As pessoas levam as suas poupanças às nossas agências e em vez de jovens de 24/25 anos, encontram jovens com 21 anos”, sublinha Henrique Melo, responsável pela Direcção de Pessoal da CGD, preocupado com o facto dos estudantes entrarem no mercado de trabalho mais cedo, com as actuais licenciaturas de 3 anos.A CGD sentiu a necessidade de começar a preparar-se já para estas mudanças, recebendo e encaminhando jovens profissionais recém-formados. Apostada em fomentar um plano global e progressivo de recrutamento, a Caixa criou, para os jovens licenciados que frequentam o primeiro ciclo do Processo de Bolonha (3 anos), as Academias de Verão, que representam para a instituição uma primeira hipótese de conhecer os candidatos e avaliar o seu grau de maturidade face ao mundo do trabalho. “Com as Academias de Verão, criam-se espaços não de aprendizagem, mas de aproximação ao mercado de trabalho. Em vez de não fazerem nada, nos quase 3 meses de férias que têm, os alunos podem ter um primeiro contacto com o mundo do trabalho e descobrir possíveis vocações que possam ter”, destaca Henrique Melo.
A Caixa dá ainda oportunidade, aos jovens licenciados, de integrarem um estágio profissionalizante com duração de 6 meses e remunerado. Durante os 6 meses de estágio que a instituição bancária promove nas chamadas Agências-Escola (em 2008 houve 463 e este ano o número ascende aos 250, sendo que já foram introduzidos mais 100), o candidato vai passar por uma avaliação rigorosa e exigente (perfil, postura, maturidade laboral), porque, como defende o responsável pela Direcção de Pessoal da CGD, “para sermos o melhor banco temos de ter connosco as melhores pessoas”. "No negócio bancário, a prática faz-se nos bancos e não nos bancos da escola."O recrutamento dá preferência às áreas de formação próximas do sector financeiro (75% das vagas incidem sobre Gestão e Marketing), mas acolhe estudantes de outros cursos. Todos os jovens que superam com êxito o estágio profissional são depois, e em princípio, contratados pela CGD. Em função das necessidades do banco, a Caixa pode apoiar ainda financeiramente a realização de mestrados aos seus funcionários (2º ciclo do processo de Bolonha).
Para terminar este colóquio estiveram presentes as alunas Andreia e Antoniya (NÓS), da escola secundária de VRSA, que no âmbito da Área de Projecto estamos a desenvolver o tema do ‘’ Processo de Bolonha’’.
A primeira a intervir foi a Andreia:
“ Bom dia a todos!
Obrigada pelo convite da Bruna para estar presente no colóquio.
Em primeiro lugar como a Bruna referiu, no âmbito da disciplina de Área de Projecto , eu e a Antoniya decidimos abordar este tema, uma vez que temos objectivos de vida que passam pelo prosseguimento de estudos a nível superior. E essa foi a principal razão porque nos debruçamos sobre este tema. Tentámos compreender as vantagens, tal como as fragilidades deste processo, o que veio alterar a nível das estruturas dos cursos, será que uma licenciatura condensada a 3 anos é sinónimo d qualidade?
Mas pelo que os senhores oradores referiam afinal o processo de Bolonha tem mais desvantagens do que vantagens eu pensei que fosse ao contrário (aqui o Dr. Álvaro Pina interveio).
Realmente hoje fiquei bem mais esclarecida e pude tirar algumas dúvidas que suscitavam ainda na minha cabeça. Ora antes de estudar este tema, desconhecia completamente essa questão dos ECTS. Agora que sei, é bastante benéfico para os jovens, que a partir de uma linguagem comum podem-se mover mais livremente nos Institutos de Ensino Superior e fazer do espaço comum europeu do Ensino Superior, um espaço mais atractivo que promove a mobilidade de Estudantes. E é realmente assim, que surge, o Programa ERASMUS, que se insere no Programa Aprendizagem ao Longo da Vida, que é bastante proveitoso para os jovens, uma vez que podem, estudar noutro país e aprender uma nova língua, e cooperar com outros jovens provenientes de outras culturas.
Penso ser uma experiência bastante enriquecedora, pelo menos, penso que nos podemos realizar nem que seja apenas espiritualmente.
Em termos de expectativas, para a entrada no Ensino Superior … o que tenho ouvido dizer e segundo os senhores oradores, somos nós que temos de estudar, por nós próprios, exige-se mais autonomia por parte dos jovens. Na verdade assusta-se um pouco, pois no 12º ano, embora estarmos a preparar para a entrada na universidade, o passo que vamos dar é muito grande e os facilitismos acabam.
Mas sem duvida, que quando há empenho, força de vontade, dedicação tudo se consegue. Temos é de fazer por isso. “
De seguida a Antoniya deu a sua opinião acerca do Processo de Bolonha:
“Bom dia a todos, obrigado pelo convite de participar neste colóquio.
Penso que para mim, como também para muitos jovens que pretender seguir os seus estudos, o tema do Processo de Bolonha é bastante interessante e inovador, que nos pode ajudar a progredir na nossa aprendizagem, como também no mercado de trabalho europeu.
Para o ano eu e minha colega Andreia, já vamos estar na universidade “ Se Deus quiser” e foi neste sentido que escolhemos este tema para o nosso projecto, uma vez que achamos importante informar-nos e compreender o funcionamento do Processo de Bolonha que vai contribuir para o nosso futuro.
Confesso que no início não tinha muitos conhecimentos sobre este processo , mas agora após varias pesquisas e a realização do colóquio como apresentação final do nosso projecto que foi ontem, fiquei muito mais esclarecida como tb muitos outros colegas meus da minha escola.
Eu sou búlgara e estou a gostar muito de estudar aqui em Portugal e gostava tb, um dia, através do programa Erasmus estudar para outro país, pois acho que vai ser uma experiência diferente e muito interessante , uma experiência “única” em que vou ter a possibilidade de conhecer outras pessoas de diferentes culturas, outros lugares e praticar uma língua estrangeira.
Acho que com este processo os jovens poderão e podem ter mais mobilidade e cooperação com outros países o que beneficiara para o meu futuro e para o futuro de muitos mais jovens que querem e têm a vontade de aprender e, ou seja evoluir ao longo da sua vida! É sem duvida uma mais valia para os jovens que como a Andreia referiu apesar de termos de ser mais autónomos é já uma experiência para nos defrontarmos com o mercado de trabalho. No entanto, após a realização crítica desse colóquio, comecei a interrogar-me, se realmente o Processo de Bolonha possui mais potencialidades do que fragilidades.”
E com a nossa opinião terminou o colóquio. A Bruna fechou o colóquio agradecendo a presença dos oradores, a nossa presença e dos poucos assistentes.
Foi um dia muito bem passado, pois para alem de termos a possibilidade de ter visitado a faculdade, conseguimos complementar os conhecimentos já adquiridos tanto nas aulas como no nosso colóquio “SER JOVEM NA EUROPA” e ainda tivemos tempo para ir às compras.
Elaborado por Andreia e Antoniya, nº 5 e 6, 12ºF
Com muita pena nossa, não foi possível filmar o colóquio, contudo conseguimos tirar algumas notas e gravar o essencial do colóquio.
Pelas 10.30h a Dra Rogélia Candeias, directora da FORUM ESTUDANTE, abriu o colóquio com uma nota de boas-vindas e a Bruna, jornalista da FORUM ESTUDANTE e apresentadora apresentou-se na mesa.
Seguidamente, às 10.45h iniciou-se o colóquio, com a apresentação dos oradores:
- Dr. Álvaro Pina, Professor Catedrático e ex - Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa;
- José Ferreira Gomes, Professor Catedrático de Química, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e Ex Vice-reitor da Universidade do Porto;
- João Redondo, Presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP);
- Henrique Melo, responsável pela Direcção de Pessoal da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que tem em marcha um programa de recrutamento e formação que acolherá os primeiros licenciados do Processo de Bolonha.
A inaugurar as intervenções, tivemos o Professor Catedrático e antigo Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Dr. Álvaro Pina, que começou o colóquio dizendo que “Bolonha representa, no essencial e no mais importante, um projecto para o Ensino Superior e para a investigação a nível europeu, assim como um projecto para tornar o Espaço Europeu do Ensino Superior atractivo e competitivo, a nível mundial”.
O docente continuou a sua intervenção, defendendo que as universidades portuguesas não estavam preparadas para o Processo de Bolonha. “Houve uma altura em que as nossas energias se consumiam a discutir as designações de cursos – o pior das universidades portuguesas veio ao de cima, nas rivalidades em que se disputavam designações e se reservavam (ou se pretendiam reservar) algumas designações para proteger determinados cursos ou determinadas perspectivas de algumas universidades. Não tendo já a responsabilidade de Presidente do Conselho Directivo desta faculdade, devo dizê-lo: a implementação do processo e Bolonha foi desastrosa na Universidade de Lisboa, em geral, e nesta faculdade, muito particularmente”.
A justificar estas afirmações “explosivas”, o docente acrescentou que a implementação desastrosa de Bolonha “começou com aspectos caricatos de querer meter em 3 anos os conteúdos de 4 anos. Por outro lado, notámos sempre uma muito dolorosa ausência dos estudantes na discussão de Bolonha, quer por falta de capacidade de resposta, por desinteresse, talvez, ou porque os órgãos da Faculdade de Letras ou das outras faculdades não os chamaram.” Os sucessivos governos que acompanharam a implementação do Processo de Bolonha também carregam parte da culpa, justifica Álvaro Pina, lembrando as “ameaças” do Ministério da Tutela em relação ao fim do financiamento de alguns cursos, caso estes não sofressem uma fusão ou agregação. "Numa faculdade que tem uma pesada ameaça de inviabilidade como é a Faculdade de Letras de Lisboa, não havia uma grande capacidade de resposta a este tipo de pressões”.
Seguidamente à exposição do Dr. Álvaro Pina, esteve a representar a Universidade do Porto, Dr. José Ferreira Gomes, Professor Catedrático de Química, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e Ex – Vice – Reitor da Universidade do Porto. O docente, que foi um dos promotores do Processo de Bolonha em Portugal, acredita que a educação superior portuguesa precisava do Processo de Bolonha, para além de uma modernização de um sistema de Governo, “mas Portugal não merecia que o Processo de Bolonha tivesse sido aplicado em 2 meses, simplesmente para que em Londres pudéssemos dizer que já tínhamos feito e que, finalmente, em Lovaina, pintássemos os nossos quadros e scorecards todos de verde. Esta pressão, esta urgência, esta necessidade de obtermos resultados estatísticos foi desastrosa e o povo português, os nossos jovens estudantes, mereciam muito melhor do que aquilo que estão a ter”.
Outra crítica apontada pelo Dr. José Gomes Ferreira foi no sentido da divisão dos ciclos de estudo no padrão de Bolonha. “Numa inovação única na Europa, Portugal criou os mestrados integrados, garantindo o financiamento público de formação a jovens até aos 5/6 anos (engenharias, arquitectura, medicina, farmácia…) e impondo aos jovens que estão em formações menos profissionalizantes (filosofia, línguas e literaturas..), em geral com mais dificuldades de emprego, uma licenciatura de 3 anos e uma incerteza para o grau seguinte - para aqueles que, mesmo que sejam muito bons, o queiram fazer. Enquanto que um estudante miserável pode fazer “5 queimas à borla”, um estudante notável de filosofia, por exemplo, terá que pagar do seu bolso, abandonar os estudos ou seguir outra vida, se quiser passar do Bê-a-Bá dos 3 primeiros anos. Isto parece-me extremamente injusto”.
No entanto, o professor da Universidade do Porto acha que “os professores portugueses fizeram um trabalho notável, com o pecado de não terem envolvido sempre os estudantes, mas fizeram um trabalho notável de modernização dos processos de ensino e aprendizagem. Foram mais longe do que aquilo que eu poderia esperar e sem o apoio de quaisquer políticas públicas que fossem desenhadas com esse objectivo”.
O próximo interveniente foi o Dr. João Redondo, Presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP). Depois de contextualizar o nascimento do ensino superior privado em Portugal, o Dr. João Redondo frisou que “as instituições de ensino superior não estatal viram com Bolonha uma oportunidade de mostrarem a sua dinâmica e a sua capacidade de reestruturação e reorganização… Tendo sido aquelas que mais rapidamente ajustaram os seus cursos a este novo modelo”.
Sobre o facto de Bolonha centrar o modelo de aprendizagem no aluno e no complemento daquilo que deve ser o trabalho do aluno nas chamadas horas de contacto, “uma nova terminologia para as chamadas aulas clássicas”, isso não foi feito, referiu o Dr. João Redondo. “Reduziram-se cursos que tinham 4 ou 5 anos para 3 e reduziram-se as cargas horárias significativamente. Isso tudo estaria muito bem se da parte dos estudantes se verificarem agora as tais horas de estudo fora da hora de contacto, que deveriam totalizar aquelas 1200 horas de trabalho correspondentes ao horário normal de um trabalhador, porque foi nessa base que as coisas foram pensadas para esta reforma. Neste aspecto, está tudo por fazer, porque vamos trabalhando como sendo trabalhámos.”
Esse passo para a verdadeira mudança, refere o presidente da APESP, “só poderá ser dado quando os próprios estudantes assumirem eles próprios que têm de ter hábitos e que têm de criar eles próprios uma cultura de trabalho diferentes. Têm de passar mais tempo na universidade - mas não é a beber copos, é a trabalhar, a sair da aula e a ir para as salas de estudo e fazer a investigação que é dada nas aulas."
A terminar a sua exposição, o Dr. João Redondo falou ainda das diferenças entre as licenciaturas antes e depois de Bolonha. “O primeiro ciclo actual (3 anos) é o processo inicial de formação, a primeira etapa, onde se aprende a aprender, a comunicar e a desenvolver práticas de investigação. Não se pode pretender, por conseguinte, que com a redução dos anos de curso os jovens licenciados possam ter uma entrada no mercado como tinham anteriormente – estes 3 anos de ensino, como hoje estão a ser ministrados, não dão a mesma qualidade de antes. Se houver mais horas de estudo autónomo, se isso for implementado, sim, assim, não. O mestrado da era Bolonha vale o mesmo que uma licenciatura antiga. Nalguns casos nem se valerá tanto”, conclui o doutor.
Por último, o interveniente que se seguiu, foi o Dr. Henrique Melo, responsável pela Direcção de Pessoal da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que tem em marcha um programa de recrutamento e formação que acolherá os primeiros licenciados do Processo de Bolonha. Consciente de que o Processo de Bolonha trará ao mercado de trabalho mudanças substanciais, nomeadamente ao nível da maturidade com que os candidatos acedem ao mercado de trabalho, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) está, pelo segundo ano consecutivo, a colocar no terreno um programa de selecção ambicioso, que envolve os estudantes desde o primeiro ano do curso até ao financiamento do prosseguimento de estudos (mestrado), destinado candidatos que venham a integrar os quadros da empresa. “Ao ser a maior instituição financeira estatal do país, a CGD não pode ficar indiferente às questões levantadas pelo Processo de Bolonha. As pessoas levam as suas poupanças às nossas agências e em vez de jovens de 24/25 anos, encontram jovens com 21 anos”, sublinha Henrique Melo, responsável pela Direcção de Pessoal da CGD, preocupado com o facto dos estudantes entrarem no mercado de trabalho mais cedo, com as actuais licenciaturas de 3 anos.A CGD sentiu a necessidade de começar a preparar-se já para estas mudanças, recebendo e encaminhando jovens profissionais recém-formados. Apostada em fomentar um plano global e progressivo de recrutamento, a Caixa criou, para os jovens licenciados que frequentam o primeiro ciclo do Processo de Bolonha (3 anos), as Academias de Verão, que representam para a instituição uma primeira hipótese de conhecer os candidatos e avaliar o seu grau de maturidade face ao mundo do trabalho. “Com as Academias de Verão, criam-se espaços não de aprendizagem, mas de aproximação ao mercado de trabalho. Em vez de não fazerem nada, nos quase 3 meses de férias que têm, os alunos podem ter um primeiro contacto com o mundo do trabalho e descobrir possíveis vocações que possam ter”, destaca Henrique Melo.
A Caixa dá ainda oportunidade, aos jovens licenciados, de integrarem um estágio profissionalizante com duração de 6 meses e remunerado. Durante os 6 meses de estágio que a instituição bancária promove nas chamadas Agências-Escola (em 2008 houve 463 e este ano o número ascende aos 250, sendo que já foram introduzidos mais 100), o candidato vai passar por uma avaliação rigorosa e exigente (perfil, postura, maturidade laboral), porque, como defende o responsável pela Direcção de Pessoal da CGD, “para sermos o melhor banco temos de ter connosco as melhores pessoas”. "No negócio bancário, a prática faz-se nos bancos e não nos bancos da escola."O recrutamento dá preferência às áreas de formação próximas do sector financeiro (75% das vagas incidem sobre Gestão e Marketing), mas acolhe estudantes de outros cursos. Todos os jovens que superam com êxito o estágio profissional são depois, e em princípio, contratados pela CGD. Em função das necessidades do banco, a Caixa pode apoiar ainda financeiramente a realização de mestrados aos seus funcionários (2º ciclo do processo de Bolonha).
Para terminar este colóquio estiveram presentes as alunas Andreia e Antoniya (NÓS), da escola secundária de VRSA, que no âmbito da Área de Projecto estamos a desenvolver o tema do ‘’ Processo de Bolonha’’.
A primeira a intervir foi a Andreia:
“ Bom dia a todos!
Obrigada pelo convite da Bruna para estar presente no colóquio.
Em primeiro lugar como a Bruna referiu, no âmbito da disciplina de Área de Projecto , eu e a Antoniya decidimos abordar este tema, uma vez que temos objectivos de vida que passam pelo prosseguimento de estudos a nível superior. E essa foi a principal razão porque nos debruçamos sobre este tema. Tentámos compreender as vantagens, tal como as fragilidades deste processo, o que veio alterar a nível das estruturas dos cursos, será que uma licenciatura condensada a 3 anos é sinónimo d qualidade?
Mas pelo que os senhores oradores referiam afinal o processo de Bolonha tem mais desvantagens do que vantagens eu pensei que fosse ao contrário (aqui o Dr. Álvaro Pina interveio).
Realmente hoje fiquei bem mais esclarecida e pude tirar algumas dúvidas que suscitavam ainda na minha cabeça. Ora antes de estudar este tema, desconhecia completamente essa questão dos ECTS. Agora que sei, é bastante benéfico para os jovens, que a partir de uma linguagem comum podem-se mover mais livremente nos Institutos de Ensino Superior e fazer do espaço comum europeu do Ensino Superior, um espaço mais atractivo que promove a mobilidade de Estudantes. E é realmente assim, que surge, o Programa ERASMUS, que se insere no Programa Aprendizagem ao Longo da Vida, que é bastante proveitoso para os jovens, uma vez que podem, estudar noutro país e aprender uma nova língua, e cooperar com outros jovens provenientes de outras culturas.
Penso ser uma experiência bastante enriquecedora, pelo menos, penso que nos podemos realizar nem que seja apenas espiritualmente.
Em termos de expectativas, para a entrada no Ensino Superior … o que tenho ouvido dizer e segundo os senhores oradores, somos nós que temos de estudar, por nós próprios, exige-se mais autonomia por parte dos jovens. Na verdade assusta-se um pouco, pois no 12º ano, embora estarmos a preparar para a entrada na universidade, o passo que vamos dar é muito grande e os facilitismos acabam.
Mas sem duvida, que quando há empenho, força de vontade, dedicação tudo se consegue. Temos é de fazer por isso. “
De seguida a Antoniya deu a sua opinião acerca do Processo de Bolonha:
“Bom dia a todos, obrigado pelo convite de participar neste colóquio.
Penso que para mim, como também para muitos jovens que pretender seguir os seus estudos, o tema do Processo de Bolonha é bastante interessante e inovador, que nos pode ajudar a progredir na nossa aprendizagem, como também no mercado de trabalho europeu.
Para o ano eu e minha colega Andreia, já vamos estar na universidade “ Se Deus quiser” e foi neste sentido que escolhemos este tema para o nosso projecto, uma vez que achamos importante informar-nos e compreender o funcionamento do Processo de Bolonha que vai contribuir para o nosso futuro.
Confesso que no início não tinha muitos conhecimentos sobre este processo , mas agora após varias pesquisas e a realização do colóquio como apresentação final do nosso projecto que foi ontem, fiquei muito mais esclarecida como tb muitos outros colegas meus da minha escola.
Eu sou búlgara e estou a gostar muito de estudar aqui em Portugal e gostava tb, um dia, através do programa Erasmus estudar para outro país, pois acho que vai ser uma experiência diferente e muito interessante , uma experiência “única” em que vou ter a possibilidade de conhecer outras pessoas de diferentes culturas, outros lugares e praticar uma língua estrangeira.
Acho que com este processo os jovens poderão e podem ter mais mobilidade e cooperação com outros países o que beneficiara para o meu futuro e para o futuro de muitos mais jovens que querem e têm a vontade de aprender e, ou seja evoluir ao longo da sua vida! É sem duvida uma mais valia para os jovens que como a Andreia referiu apesar de termos de ser mais autónomos é já uma experiência para nos defrontarmos com o mercado de trabalho. No entanto, após a realização crítica desse colóquio, comecei a interrogar-me, se realmente o Processo de Bolonha possui mais potencialidades do que fragilidades.”
E com a nossa opinião terminou o colóquio. A Bruna fechou o colóquio agradecendo a presença dos oradores, a nossa presença e dos poucos assistentes.
Foi um dia muito bem passado, pois para alem de termos a possibilidade de ter visitado a faculdade, conseguimos complementar os conhecimentos já adquiridos tanto nas aulas como no nosso colóquio “SER JOVEM NA EUROPA” e ainda tivemos tempo para ir às compras.
Elaborado por Andreia e Antoniya, nº 5 e 6, 12ºF
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